Crianças para todos os lados, rindo ou chorando, correndo ou simplesmente paradas.Juninho insiste em pairar na minha frente.Com seu sorriso desdentado, me chamou simplesmente, não faço idéia do que trama.Começou:
-Dê o soco mais forte que conseguir-, me desafia o catarrento.Com as mãos se livra da areia que imunda seu corpo, se prepara.Muito normal, estávamos num parquinho, mas a quantidade de areia que ele tira de sua cabeça é imensa.
Olhei para meu punho, logo depois para o rosto de meu amigo, se ele deseja.Eu o surpreenderei.
-Ai, minha orelha!Nossa, logo na orelha!- berrava ele – era no braço!Segura com ambas as mãos a orelha, já inchada.Como lhe é típico, tenta chorar, não consegue.
A professora se aproxima, sorrateiramente Juninho cospe nas mãos e passa nos olhos, agora chora.Não tive defesa, por fim a professora nos levou para o corredor da morte.Foi assim que nossa amizade terminou.
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Não conheço José o bastante, ele situado logo ao lado oposto da mesa.Tragou profundamente um cigarro e começou:
-Cara, eu preciso parar de fumar!- seus olhos arregalados, me fazem acreditar.
Todos, naquele bar, que fumam devem desejar o mesmo.José delicadamente jogou as cinzas num copo.
-Cara…-os olhos dele tão perdidos, opacos – faz três segundos que não fumo…e meu corpo insiste em querer mais – outra tragada, desta vez ficou a observar a fumaça que sai vagarosamente pela boca.Imagino se há apenas nicotina no cigarro dele.
Olhei para meu punho, logo depois para o rosto dele, se ele quer.Eu o surpreenderei.
-Ei!Meu cigarro – tenta pegar de volta – você está ajudando muito! – resmungou.
Joguei o projétil numa garrafa vazia sobre a mesa: José pegou outro cigarro e acendeu.
-Estou te ajudando-peguei o cigarro recém aceso e joguei na garrafa.
Os olhos dele ameaçavam chorar, acendeu outro, me livrei novamente da droga.Foi assim até acabar o maço.Lágrimas finalmente se despejam de seus olhos.
-Acabou – José chacoalha o maço indignado.Concordei com ele silenciosamente.
José tenta esconder as lágrimas com as mãos.Sentei-me ao seu lado e o abracei.Enquanto tento conforma-lo, ele furtivamente vira a garrafa tirando alguns cigarros, fingi não ver.Foi assim que nossa amizade começou.