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Meu amigo de antes ou meu amigo de hoje

31/10/2008

Crianças para todos os lados, rindo ou chorando, correndo ou simplesmente paradas.Juninho insiste em pairar na minha frente.Com seu sorriso desdentado, me chamou simplesmente, não faço idéia do que trama.Começou:

-Dê o soco mais forte que conseguir-, me desafia o catarrento.Com as mãos se livra da areia que imunda seu corpo, se prepara.Muito normal, estávamos num parquinho, mas a quantidade de areia que ele tira de sua cabeça é imensa.

Olhei para meu punho, logo depois para o rosto de meu amigo, se ele deseja.Eu o surpreenderei.

-Ai, minha orelha!Nossa, logo na orelha!- berrava ele – era no braço!Segura com ambas as mãos a orelha, já inchada.Como lhe é típico, tenta chorar, não consegue.

A professora se aproxima, sorrateiramente Juninho cospe nas mãos e passa nos olhos, agora chora.Não tive defesa, por fim a professora nos levou para o corredor da morte.Foi assim que nossa amizade terminou.

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Não conheço José o bastante, ele situado logo ao lado oposto da mesa.Tragou profundamente um cigarro e começou:

-Cara, eu preciso parar de fumar!- seus olhos arregalados, me fazem acreditar.

Todos, naquele bar, que fumam devem desejar o mesmo.José delicadamente jogou as cinzas num copo.

-Cara…-os olhos dele tão perdidos, opacos – faz três segundos que não fumo…e meu corpo insiste em querer mais – outra tragada, desta vez ficou a observar a fumaça que sai vagarosamente pela boca.Imagino se há apenas nicotina no cigarro dele.

Olhei para meu punho, logo depois para o rosto dele, se ele quer.Eu o surpreenderei.

-Ei!Meu cigarro – tenta pegar de volta – você está ajudando muito! – resmungou.

Joguei o projétil numa garrafa vazia sobre a mesa: José pegou outro cigarro e acendeu.

-Estou te ajudando-peguei o cigarro recém aceso e joguei na garrafa.

Os olhos dele ameaçavam chorar, acendeu outro, me livrei novamente da droga.Foi assim até acabar o maço.Lágrimas finalmente se despejam de seus olhos.

-Acabou – José chacoalha o maço indignado.Concordei com ele silenciosamente.

José tenta esconder as lágrimas com as mãos.Sentei-me ao seu lado e o abracei.Enquanto tento conforma-lo, ele furtivamente vira a garrafa tirando alguns cigarros, fingi não ver.Foi assim que nossa amizade começou.